
A importância social do futebol entre torcedores e jogadores, no Brasil
O futebol não é apenas um esporte, ele é uma linguagem mundial. Quando falamos em futebol, pensamos em união, alegria, paixão e amor a um esporte. Torcedores e jogadores compartilham os mesmos 90 minutos de um jogo, mas será que a visão que um torcedor tem, é a mesma de um jogador? Será que as vivências e diferenças sociais interferem na visão sobre o futebol?
O futebol no Brasil chegou ao final do século XIX como uma novidade trazida por Charles Miller, após uma viagem para a Inglaterra. Em seu princípio, a nova modalidade era disputada de forma amadora, entre integrantes da Elite. Com a profissionalização do esporte, times foram criados e a houve a formação de campeonatos no início do Século XX, e nesse caso, apenas pessoas brancas e de classe financeira alta poderiam ter o contato com o esporte e disputar profissionalmente por seus clubes, afastando principalmente pessoas negras e o "povão" dentro do esporte. Porém, nessa mesma época um estilo de futebol se tornava popular, sendo ele o “Futebol de Várzea”, que recebia esse nome por ser disputado em terrenos às margens do Rio Tietê, sendo jogado por negros, migrantes, imigrantes e pessoas de baixa renda, representando um marco revolucionário na época que fez com que aos poucos o futebol se tornasse algo acolhedor, e não designado a um determinado grupo.
Em questão de torcidas, essa evolução fez com que diversas histórias pudessem ser formadas ao longo dos anos, onde divergentes classes sociais se encontram em meio a modalidade e criam sua história, independente da sua realidade. O que representa muito bem a comparação das histórias entre Donizetti Alves, um aposentado que viveu sua vida em uma vila periférica de Itaquera, e Luiz Pavanelli, um jovem que vive sua vida em um condomínio de classe média/alta no ABC Paulista.
Donizetti Alves (69), nasceu em São Paulo e viveu sua vida na Vila Regina, um pedaço do bairro Itaquerense, onde cresceu e desenvolveu a sua paixão ao futebol por lá. Seu primeiro contato com o futebol foi brincando com seus colegas na rua, e não demorou muito pra que começasse a acompanhar o futebol profissional, adquirindo um amor pelo Corinthians, que passava pela maior seca de títulos da sua história. O por quê desse amor? A representatividade! Era um time que não ganhava nada, mas tinha a sua simpatia por ser do povo, representando um espelho a si mesmo.
Seu amor ao futebol não ficou restrito apenas na paixão, e quando jovem chegou a trabalhar em uma rádio esportiva de São Paulo como operador de fios em estádios, e as vezes até chegava a comentar alguns jogos. Teve oportunidade para jogar profissionalmente na Portuguesa de Desportos, mas alegando baixo salário em comparação ao seu emprego, desistiu da oportunidade. Mas foi daí que se encontrou no Futebol de Várzea, onde atuou por 35 anos de sua vida, sendo jogador entre o time principal e o time de veteranos.
Já Luiz Pavanelli (19), nasceu na cidade de São Paulo e viveu sua vida toda em Diadema. Seu primeiro contato com o futebol foi quando recebeu uma bola de presente, onde foi pegando o costume de sempre brincar com ela, desenvolvendo sua paixão aos poucos. Sua família tem uma grande ligação com o futebol, e por isso, além do amor ao esporte, desenvolveu também um amor ao Corinthians, sendo uma paixão designada de geração para geração.
Percebendo que tinha uma grande habilidade dentro do esporte, decidiu desde pequeno ingressar em escolinhas de futebol, e ao longo da sua juventude, seguiu em categorias de bases por equipes, onde chegou atuar no Meninos da Vila, que é um projeto formado pelo Santos Futebol Clube, representando talvez, a maior categoria de base futebolística no mundo! Por ter crescido em condomínio e em uma outra realidade, a rua não era um palco muito comum para as praticas, chuteiras caras e uniformes mais planejados eram presentes, mas em compensação, boa parte da habilidade que desenvolveu foi dentro das quadras.
Por mais que a realidade social desse torcedores sejam diferentes, ambos partilham do mesmo amor ao futebol, encontrando ali a sensação de pertencimento e identidade dentro do esporte, encarando a realidade de que não conseguiriam se ver como pessoas, sem a “arte da pelota” em suas vidas.
O futebol no Brasil chegou ao final do século XIX como uma novidade trazida por Charles Miller, após uma viagem para a Inglaterra. Em seu princípio, a nova modalidade era disputada de forma amadora, entre integrantes da Elite. Com a profissionalização do esporte, times foram criados e a houve a formação de campeonatos no início do Século XX, e nesse caso, apenas pessoas brancas e de classe financeira alta poderiam ter o contato com o esporte e disputar profissionalmente por seus clubes, afastando principalmente pessoas negras e o "povão" dentro do esporte. Porém, nessa mesma época um estilo de futebol se tornava popular, sendo ele o “Futebol de Várzea”, que recebia esse nome por ser disputado em terrenos às margens do Rio Tietê, sendo jogado por negros, migrantes, imigrantes e pessoas de baixa renda, representando um marco revolucionário na época que fez com que aos poucos o futebol se tornasse algo acolhedor, e não designado a um determinado grupo.
Em questão de torcidas, essa evolução fez com que diversas histórias pudessem ser formadas ao longo dos anos, onde divergentes classes sociais se encontram em meio a modalidade e criam sua história, independente da sua realidade. O que representa muito bem a comparação das histórias entre Donizetti Alves, um aposentado que viveu sua vida em uma vila periférica de Itaquera, e Luiz Pavanelli, um jovem que vive sua vida em um condomínio de classe média/alta no ABC Paulista.
Donizetti Alves (69), nasceu em São Paulo e viveu sua vida na Vila Regina, um pedaço do bairro Itaquerense, onde cresceu e desenvolveu a sua paixão ao futebol por lá. Seu primeiro contato com o futebol foi brincando com seus colegas na rua, e não demorou muito pra que começasse a acompanhar o futebol profissional, adquirindo um amor pelo Corinthians, que passava pela maior seca de títulos da sua história. O por quê desse amor? A representatividade! Era um time que não ganhava nada, mas tinha a sua simpatia por ser do povo, representando um espelho a si mesmo.
Seu amor ao futebol não ficou restrito apenas na paixão, e quando jovem chegou a trabalhar em uma rádio esportiva de São Paulo como operador de fios em estádios, e as vezes até chegava a comentar alguns jogos. Teve oportunidade para jogar profissionalmente na Portuguesa de Desportos, mas alegando baixo salário em comparação ao seu emprego, desistiu da oportunidade. Mas foi daí que se encontrou no Futebol de Várzea, onde atuou por 35 anos de sua vida, sendo jogador entre o time principal e o time de veteranos.
Já Luiz Pavanelli (19), nasceu na cidade de São Paulo e viveu sua vida toda em Diadema. Seu primeiro contato com o futebol foi quando recebeu uma bola de presente, onde foi pegando o costume de sempre brincar com ela, desenvolvendo sua paixão aos poucos. Sua família tem uma grande ligação com o futebol, e por isso, além do amor ao esporte, desenvolveu também um amor ao Corinthians, sendo uma paixão designada de geração para geração.
Percebendo que tinha uma grande habilidade dentro do esporte, decidiu desde pequeno ingressar em escolinhas de futebol, e ao longo da sua juventude, seguiu em categorias de bases por equipes, onde chegou atuar no Meninos da Vila, que é um projeto formado pelo Santos Futebol Clube, representando talvez, a maior categoria de base futebolística no mundo! Por ter crescido em condomínio e em uma outra realidade, a rua não era um palco muito comum para as praticas, chuteiras caras e uniformes mais planejados eram presentes, mas em compensação, boa parte da habilidade que desenvolveu foi dentro das quadras.
Por mais que a realidade social desse torcedores sejam diferentes, ambos partilham do mesmo amor ao futebol, encontrando ali a sensação de pertencimento e identidade dentro do esporte, encarando a realidade de que não conseguiriam se ver como pessoas, sem a “arte da pelota” em suas vidas.